Passo a noite escrevendo sobre os mistérios de Alice, enquanto ouço os gritos e gemidos nos corredores do hospital.
Junto isso aos murmúrios insanos do quarto ao lado, a voz feminina de Luci ou Tissa como gosta de ser chamada.
Suas pragas sobre amputações em sua maca, seus devaneios sobre um pai morto ali mesmo, (eu olho para você e faço carinho em sua cabeça, digo que está tudo bem, olho pra você e falo que o melhor vai ser feito, seu coração fica mais calmo e o meu também, contenho as lágrimas para te acalmar) Vou ao corredor chorar.
Vejo Luci reclamando e falando da vida, e de como era a sua, “a humanidade são meus filhos” grita louca tentando fugir do que ela julga ser um hospício.
Vem guardas, enfermeiras e um lindo anjo, te sufocam e te põe pra dormir Luci querida, ali onde Maria esteve e onde está Leticia!
Vejo tudo isso e seguro forte sua mão, limpo seus olhos para que possam abrir, (mas os fecho e tampo seus ouvidos para que não sinta mais medo)
O doce sangue que te faz mal e que te tira um pedaço vai sumindo, sem você ver nada meu pai.
Eu sento novamente, leio sobre um caso mal resolvido, pesquiso curas, e então volto à realidade inventada e falo mais sobre Alice e seus mistérios não resolvidos…